Distúrbios do metabolismo cálcio-fósforo e doença renal crônica

Distúrbios do metabolismo  cálcio-fósforo e doença renal crônica

Distúrbios do metabolismo cálcio-fósforo e doença renal crônica

Recife. 23 de fevereiro de 2024

Você sabe qual a relação entre o desequilíbrio do metabolismo cálcio-fósforo e a doença renal crônica? De acordo com a nefrologista da Uninefron, Vivianne Pinheiro, os rins desempenham um papel importante na regulação e no equilíbrio entre o cálcio e o fósforo. “Os distúrbios mineral e ósseo são comuns na doença renal crônica e levam a sérias complicações se não tratados. Então, pessoas com insuficiência renal podem ter dificuldades para manter os valores desses dois minerais dentro de níveis considerados normais. Essas anormalidades associadas a outros fatores, na doença renal crônica, resultam em uma desordem do osso conhecida como osteodistrofia renal. As anormalidades clínicas, bioquímicas e de imagem associadas à osteodistrofia renal são chamadas de distúrbio mineral e ósseo da doença renal crônica”, explica a médica.

Mas, antes de explicar as causas e consequências desse desequilíbrio, Vivianne Pinheiro alerta que é preciso saber o que são o fósforo e o cálcio. “Trata-se de dois minerais com papel fundamental na homeostase do nosso corpo. A maior parte do cálcio está ligada às estruturas ósseas e é regulada, principalmente, pelas ações do hormônio da paratireoide (pth) e da vitamina D. Cerca de 99% do cálcio do nosso organismo encontra-se no esqueleto. Além disso, também é essencial na coagulação sanguínea, na contração muscular, na transmissão de impulsos nervosos e em reações enzimáticas” ressalta.

A médica esclarece ainda que, quando a função renal é reduzida, a excreção urinária de fosfato também reduz. “Embora o fósforo não seja o íon principal, seu papel também é fundamental no metabolismo celular, mineralização óssea e também é regulado pelo PTH e pela vitamina D. A insuficiência renal também leva à redução na produção da vitamina D e consequentemente um nível de cálcio sérico normal a baixo. A elevação dos níveis de PTH e o déficit de vitamina D são detectados já nas fases incipientes da insuficiência renal, então com a perda da função renal, o PTH aumenta na tentativa de manter a homeostase de fósforo e cálcio. Uma vez que a queda da filtração glomerular chega abaixo de 35ml/min, resulta em uma elevação dos níveis de fosfato. A hiperfosfatemia, na maioria das vezes, é resultado da incapacidade do rim em excretar o fosfato do corpo. Nesses casos, o fósforo vai sendo acumulado no organismo, ligando-se ao cálcio, que sofre uma redução em seus níveis. ambos os minerais se depositam nos tecidos moles, vasos sanguíneos, pulmões, córnea, rins, pele e mucosas. os ossos ficam mais frágeis e aumenta o risco de doença cardiovascular”, garante Vivianne Pinheiro.

Controle do fósforo deve ser iniciado logo nas fases iniciais da insuficiência renal

 Os níveis de fósforo em pacientes com insuficiência renal que não estão em diálise devem ficar entre 2,7 e 4,6 mg/dl.  Já nos pacientes que estão realizando diálise, os valores devem estar entre 3,5 e 5,5 mg/dl. Vivianne Pinheiro orienta que o controle do fósforo deve ser iniciado logo nas fases iniciais da insuficiência renal, quando a função está abaixo dos 60 ml/min. “Isso pode ser feito através de uma dieta com restrição de fosfato, juntamente com a prescrição de medicamentos que inibem a absorção intestinal do fósforo dos alimentos (quelantes de fosfato). Se o paciente está em diálise, o tempo e a frequência semanal do tratamento dialítico e da solução de diálise podem ser ajustados para ajudar a equilibrar os níveis de cálcio e fósforo”, complementa.

Alimentos ricos em fósforo devem ser evitados

A médica Vivianne Pinheiro também reforça que pacientes com doenças renais precisam de monitoramento médico regular do equilíbrio cálcio-fósforo, para que seja reduzido o risco de desenvolver complicações clínicas. A avaliação nutricional é essencial.  “A restrição de fosfato da dieta deve ser considerada em pacientes com taxa de filtração abaixo de 60ml/min, a restrição proteica e a suspensão de leite e derivados, em particular alimentos processados”, alerta a nefrologista da Uninefron.

 

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