Rins estão entre os órgãos mais afetados pela Covid-19

Rins estão entre os órgãos mais afetados pela Covid-19

Rins estão entre os órgãos mais afetados pela Covid-19

Recife, 03 de setembro de 2021

A insuficiência renal afeta entre 30 e 50% dos pacientes com Covid-19 em estado crítico. Dos acometidos, cerca de 40% precisam de hemodiálise. Mesmo diante de uma doença ainda com tantas perguntas sem respostas, dados do Ministério da Saúde e estudos recentes sugerem a necessidade cada vez maior de alerta nos cuidados especialmente em relação aos pacientes renais. Depois dos pulmões, os rins são os órgãos mais impactados pelo novo coronavírus, inclusive causando uma permanência maior de pacientes nas UTIs. “Isso se deve ao fato de esses órgãos possuírem o maior número do receptor que fica na superfície das células, ao qual o vírus se liga para entrar e infectá-la, chamado enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2)”, explica a nefrologista e diretora da Uninefron, Ângela Santos.

De acordo com Ângela Santos, a Covid-19 não trouxe apenas preocupações relativas aos sintomas da infecção, mas também de doenças causadas por ela após o tratamento. Há, inclusive, a possibilidade de os danos aos rins serem a longo prazo. “Quase metade dos pacientes internados com Covid-19 pode apresentar algum tipo de lesão renal, a chamada injúria renal aguda; e nos pacientes em UTI, um em cada cinco pode necessitar de terapia renal substitutiva (hemodiálise). Nesses casos graves dialíticos, a mortalidade ultrapassa 60%”, esclarece a nefrologista.

“Os fatores que aumentam o risco para essa injúria renal”, continua Ângela Santos, “são as comorbidades, entre elas principalmente a doença renal prévia, idade avançada, sexo masculino e etnia afrodescendente. Pacientes que passam por complicações renais durante a infecção pelo coronavírus podem permanecer com dano renal crônico, necessitando de terapia dialítica ou não, ou até proteinúria ou hematúria na urina, que precisará de acompanhamento e monitorização pelo nefrologista”, garante a médica.

Por outro lado, pacientes sem problema renal também podem sofrer sequelas da doença. “A Covid-19 pode ocasionar prejuízos aos rins também em pacientes que nunca tiveram qualquer quadro renal, mesmo com quadros assintomáticos, leves ou moderados, que podem apresentar como marcador do dano renal a presença de proteínas ou sangue na urina. Tanto nos casos mais graves quantos nos mais leves, é necessária uma vigilância com o nefrologista, que deve ser realizada com exames de sangue e urina para acompanhar o possível comprometimento renal pelo novo coronavírus”, alerta Ângela Santos.

A médica também discorreu sobre o comprometimento da função renal após infecção do coronavírus. “Cada caso é um caso, e as causas para o desenvolvimento dos quadros de lesão renal são múltiplas. Pode ocorrer dano direto do vírus às células renais, diminuição da perfusão do órgão, causando isquemia, inflamação sistêmica, distúrbios hemodinâmicos (queda da pressão arterial – choque), trombose (formação de coágulos dentro dos vasos) e rabdomiólise (destruição das células musculares). Todas essas agressões aos rins podem evoluir e desencadear dano progressivo e necessidade de terapia dialítica, que pode reverter esse quadro agudo ou não, caracterizando a cronificação da doença renal. Pacientes que passam pela infecção pelo novo coronavírus devem acompanhar o volume e o aspecto da urina, manter hidratação efetiva, evitar automedicação (principalmente o uso de anti-inflamatórios) e procurar atendimento a qualquer sinal clínico de agravamento do quadro com comprometimento renal”, finaliza Ângela Santos.

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