Doença hepática grave pode causar lesão renal?

Doença hepática grave  pode causar lesão renal?

Doença hepática grave pode causar lesão renal?

Recife, 20 de agosto de 2021

A insuficiência hepática crônica avançada é representada pela cirrose, que envolve mudança na arquitetura hepática e formação de nódulos regenerativos, sendo considerado irreversível, e o único tratamento efetivo é o transplante do fígado. De acordo com o nefrologista da Uninefron Mário Henriques, as principais causas da doença hepática são as hepatites virais (vírus c, vírus b), o abuso de bebidas alcoólicas e a doença hepática não alcoólica. “Juntas representam 80% da etiologia”, afirma.

O médico informa ainda que os sintomas envolvem icterícia, prurido, sinais de sangramento digestivo, aumento do volume do abdome (ascite), até desorientação mental por encefalopatia hepática. O diagnóstico baseia-se na história clínica e no exame físico (aranhas vasculares no tórax e abdome, ascite, ginecomastia) aliados a exames laboratoriais como as transaminases, o coagulograma (INR), as bilirrubinas e a albumina, além da ultrassonografia do abdominal.

Segundo Mário Henriques, neste estágio da doença do fígado, muitas das complicações decorrem do aumento da pressão no sistema venoso portal (hipertensão porta), que culmina com a vasodilatação da circulação arterial esplâncnica; no rim, promove a redução da perfusão e, com isso, insuficiência renal, caracterizada por elevação da creatinina e ureia, além de redução do volume da urina, diagnosticada como síndrome hepatorrenal. Baseado no tempo de instalação, a síndrome hepatorrenal classifica-se em tipo 1: mais grave, ocorre em período menor que duas semanas, levando ao aumento de creatinina 2 vezes o valor basal e do volume de urina de 400 a 500ml ao dia; tipo 2:  menos severa, instala-se lentamente, caracterizando-se por ascite resistente ao tratamento com diurético.   Os fatores mais comuns que podem precipitar a síndrome hepatorrenal correspondem ao sangramento digestivo e as infecções, entre elas a peritonite espontânea. O tratamento da síndrome hepatorrenal consiste em controlar a infecção e o sangramento, que podem ser fatores causais, além de promover a vasoconstrição da circulação esplâncnica para melhorar a perfusão renal, utilizando telepressina associado a albumina. Caso as medicações não sejam efetivas, pode-se lançar mão da confecção do shunt intra-hepático porto sistêmico transjugular (TIPS), reforçando que o tratamento definitivo é representado pelo transplante hepático.

“Vale lembrar que uma das causas comuns de insuficiência hepática compreende as hepatites B e C, as quais têm diminuído bastante suas prevalências na população que se submete a hemodiálise, devido à vacinação (Hepatite B) e ao uso de retrovirais no tratamento da hepatite C. A Sociedade Brasileira de Nefrologia atualmente realiza campanha para erradicar a hepatite C nas clínicas de hemodiálise, estimulando o tratamento da Hepatite C na própria clínica”, relata Mário Henriques.

“A prevenção da doença hepática é nossa maior arma para evitar a cirrose. Vacinação para hepatite, redução do consumo de álcool e acompanhamento da gordura no fígado são fundamentais”, finaliza o nefrologista Mário Henriques.

 

Topo