Suplementação nutricional de creatina em pacientes renais crônicos é seguro?

Suplementação nutricional de creatina  em pacientes renais crônicos é seguro?

Suplementação nutricional de creatina em pacientes renais crônicos é seguro?

Recife, 23 de maio de 2025

O uso de creatina como suplemento tem se tornado cada vez mais comum entre atletas e praticantes de atividade física em todo o mundo. “Essa crescente popularização, no entanto, ainda levanta discussões na comunidade científica e entre profissionais de saúde quanto à sua segurança, especialmente no que diz respeito à função renal”, alerta a nutricionista Roberta Barreto, da Uninefron.

Ainda de acordo com a especialista, “a creatina é uma substância naturalmente produzida pelo corpo e também obtida pela alimentação, principalmente por meio de carnes e peixes. Quando suplementada corretamente, pode trazer benefícios, como o aumento de força e melhora no desempenho físico”, esclarece Roberta Barreto.

Mesmo assim, os efeitos adversos da creatina continuam sendo alvo de estudos, principalmente por relatos isolados, que sugerem um possível efeito nefrotóxico. “Existem casos clínicos que levantaram suspeitas sobre o impacto renal da creatina, mas é importante ressaltar que são exceções e, muitas vezes, envolvem uso inadequado, em doses acima das recomendadas ou em pessoas com predisposição a doenças renais”, explica a nutricionista.

A literatura científica ainda carece de consenso. Estudos longitudinais realizados com indivíduos saudáveis geralmente não demonstram efeitos negativos da creatina sobre a função renal. “No entanto, a maioria dessas pesquisas apresenta limitações metodológicas, como o baixo controle de variáveis ou amostragens reduzidas, o que compromete a solidez das conclusões. O problema é que muitos desses estudos não controlam variáveis fundamentais, como hidratação, consumo total de proteínas e presença de comorbidades”, ressalta Roberta Barreto.

Efeitos da suplementação em populações específicas

Segundo Roberta Barreto, modelos experimentais com animais, como ratos, têm utilizado marcadores precisos de função renal e apresentado maior controle das variáveis, mas mesmo assim os resultados permanecem contraditórios. Por isso, Roberta Barreto defende a necessidade de novos estudos. “Precisamos de mais pesquisas robustas que avaliem os efeitos da suplementação em populações específicas, como idosos, diabéticos tipo 2, hipertensos e pessoas com histórico de doença renal”, reforça a nutricionista.

“A dosagem – continua Roberta Barreto – geralmente considerada segura para indivíduos saudáveis é de 0,06g de creatina por quilo de peso corporal ao dia. Mas essa dose não deve ser aplicada de forma universal”, reforça Barreto. “Indivíduos obesos ou desnutridos, por exemplo, exigem adaptações, pois o estado nutricional e a composição corporal impactam diretamente na resposta à suplementação”.

 Principais riscos do uso de creatina por pacientes com DRC

A nutricionista Roberta Barreto explica que, por conta dos riscos, pacientes com qualquer grau de comprometimento renal devem evitar o uso de creatina, a menos que haja indicação clínica clara e acompanhamento rigoroso. A prioridade é preservar a função renal e evitar sobrecargas desnecessárias.

“Entre os principais riscos do uso de creatina por pacientes com doença renal crônica (DRC), destaca-se o acúmulo de creatinina. A creatina, ao ser metabolizada, é convertida em creatinina, uma substância normalmente excretada pelos rins. Em indivíduos com DRC, os níveis de creatinina sérica já se encontram elevados, e a suplementação com creatina pode elevar ainda mais esses valores de forma artificial. Isso não apenas aumenta a sobrecarga metabólica sobre os rins, como também dificulta a avaliação real da função renal, já que a creatinina é um dos principais marcadores utilizados clinicamente para esse fim”, esclarece Roberta Barreto.

Por tudo já relatado, a individualização da prescrição é essencial. A nutricionista enfatiza que “a creatina deve ser recomendada com base em uma avaliação completa, que considere a frequência e a intensidade do treino, a ingestão alimentar, o perfil proteico e o consumo de carboidratos, além da hidratação — que é um dos pilares para o bom funcionamento renal e também para a eficácia do suplemento”.

Em resumo, quando utilizada dentro das recomendações, a creatina não apresenta riscos significativos para a função renal em pessoas saudáveis. “No entanto, como qualquer suplemento, requer orientação profissional adequada. Mais importante do que seguir modismos é garantir que o uso da creatina seja seguro e eficiente para cada indivíduo”, finaliza a nutricionista da Uninefron, Roberta Barreto.

 

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