Sepse e seus efeitos nos rins: importância do diagnóstico e da intervenção rápida
Recife, 25 de abril de 2025
Tanto a lesão renal aguda (LRA) quanto a sepse são condições clínicas muito prevalentes no ambiente hospitalar, especialmente em unidades de terapia intensiva, e podem ocorrer de forma isolada ou concomitante. De acordo com o médico Mário Henriques, nefrologista da Uninefron, a LRA associada à sepse é uma complicação grave, que acontece quando os rins perdem rapidamente a capacidade de filtrar resíduos e equilibrar líquidos e eletrólitos no corpo, devido a uma resposta inflamatória sistêmica provocada por uma infecção grave.
Ainda de acordo com o nefrologista, a mortalidade entre pacientes com LRA associada à sepse é elevada. Em uma pesquisa, a taxa de mortalidade foi de 82,2% entre os pacientes que receberam suporte renal agudo (SRA) intenso e 82,8% entre os que receberam SRA menos intenso, sem diferença estatística significativa. “Estes dados ressaltam a importância de estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e manejo adequado da LRA em pacientes sépticos, visando melhorar os desfechos clínicos e reduzir a mortalidade associada a essas condições”, alerta Mário Henriques,
O sistema imunológico normalmente combate bactérias, vírus, fungos e parasitas para controlar as infecções. Em algumas situações, é necessário o uso de antibióticos, antivirais, antifúngicos ou antiparasitários para ajudar nesse processo. “No entanto, quando o corpo não consegue controlar a infecção, ela se espalha de forma descontrolada. Esse quadro é chamado de sepse. Nessa condição, o sistema imunológico, ao tentar combater a infecção grave, acaba atacando os próprios tecidos e órgãos, podendo causar danos severos, irreversíveis e até fatais”, explicou o nefrologista.
O que é lesão renal aguda?
A lesão renal aguda (LRA) é caracterizada pela perda súbita da capacidade dos rins de filtrar o sangue e eliminar resíduos, sais e líquidos do corpo. Isso pode causar acúmulo de toxinas e desequilíbrios nos níveis de eletrólitos, como sódio e potássio. “A sepse, principalmente quando evolui para choque séptico, compromete significativamente o fluxo sanguíneo renal, levando ao mau funcionamento dos rins”, esclarece Mário Henriques. A sepse pode ainda resultar em lesão renal aguda por diversos mecanismos, especialmente devido à resposta inflamatória exacerbada do corpo diante da infecção. Os principais mecanismos são:
01 – Redução do fluxo sanguíneo para os rins (hipoperfusão renal)
Na sepse, a dilatação dos vasos sanguíneos e a queda da pressão arterial diminuem a quantidade de sangue que chega aos rins.
O corpo tenta compensar isso liberando substâncias para contrair certos vasos, mas esse processo pode piorar a perfusão renal.
02 – Inflamação generalizada
A sepse provoca a liberação de grandes quantidades de citocinas inflamatórias, que causam danos diretos às células renais e aos vasos sanguíneos dos rins.
03 – Trombose microvascular
A inflamação ativa o sistema de coagulação, formando pequenos coágulos nos vasos renais. Isso bloqueia a circulação sanguínea e prejudica a oxigenação dos tecidos renais.
04 – Lesão tubular direta
As células dos túbulos renais, responsáveis pela filtração e reabsorção de substâncias, são extremamente sensíveis à falta de oxigênio e ao estresse inflamatório. Quando essas células são danificadas, a função renal é comprometida.
“Esses mecanismos combinados reduzem a capacidade dos rins de filtrar o sangue, resultando no acúmulo de toxinas, no desequilíbrio de eletrólitos e, em casos graves, na falência renal. O diagnóstico é realizado através da avaliação do débito urinário e da dosagem de creatinina sérica”, ressaltou Mário Henriques.
Tratamento e prognóstico
O médico destacou que o tratamento inclui reposição de líquidos e eletrólitos, controle rigoroso da pressão arterial, uso criterioso de vasopressores, antibióticos para tratar a infecção subjacente e terapia de suporte renal, como a hemodiálise, quando necessário. “O prognóstico depende de um controle rápido da sepse e da recuperação da função renal, podendo variar desde uma recuperação completa até a evolução para doença renal crônica ou óbito”, finalizou Mário Henriques, nefrologista da Uninefron.