Rabdomiólise: como o excesso de esforço nas festas de fim de ano pode prejudicar os rins
Recife, 5 de dezembro de 2025
Longos períodos em pé, horas dançando sem pausa, noites mal dormidas e ingestão insuficiente de água formam um cenário comum durante as festas de fim de ano, incluindo confraternizações, Natal e Réveillon. Para muitos, esses momentos são sinônimo de celebração e diversão; para o corpo, porém, podem representar um desafio maior do que se imagina. “Entre os impactos possíveis desse ritmo acelerado está uma condição séria e pouco conhecida do público geral: a rabdomiólise, que se caracteriza por morte das células musculares ocorrendo a liberação na corrente sanguínea de elementos do interior dessas células podendo afetar a função dos rins”, alerta a nefrologista do Grupo Uninefron, Vivianne Pinheiro.
A rabdomiólise, de acordo com Vivianne Pinheiro, ocorre quando há destruição acelerada das fibras musculares, liberando grandes quantidades de mioglobina, outras enzimas musculares e eletrólitos na corrente sanguínea. “A mioglobina é nefrotóxica, então quando essa proteína é liberada em excesso, ela é filtrada pelos rins e pode se acumular nos túbulos renais, sobrecarregando essas estruturas e provocando lesão renal. Essa sobrecarga pode evoluir rapidamente para insuficiência renal aguda, uma das complicações mais temidas da rabdomiólise”, explica a especialista.
Segundo a médica Vivianne Pinheiro, existem várias causas de rabdomiólise, porém o excesso de esforço físico em curtos intervalos de tempo, algo comum durante festas prolongadas, celebrações consecutivas e eventos que exigem movimento intenso, é um dos frequentes gatilhos. “O corpo precisa de tempo para se adaptar a atividades físicas mais intensas. Quando esse limite é ultrapassado, o risco de lesão muscular e renal aumenta significativamente. A condição também pode ser desencadeada por outros fatores, como trauma com esmagamento, compressão muscular, insolação, queimaduras de terceiro grau, choque elétrico de alta voltagem, doenças genéticas e metabólicas, distúrbios eletrolíticos como baixos níveis de potássio e de fósforo, alguns distúrbios endócrinos, inflamações, infecções, intoxicação por álcool ou drogas ilícitas e uso inadequado de medicamentos”, garante a nefrologista.
Nefrologista alerta para os sintomas e explica as formas de tratamento
De acordo com Vivianne Pinheiro, os níveis de creatina quinase (CK) e mioglobina sérica geralmente estão acentuadamente elevados E os sintomas da rabdomiólise variam desde elevação das enzimas musculares sem provocar sintomas até quadros graves com risco de vida. Os sintomas incluem fraqueza, dores musculares, inchaço e urina de coloração vermelha a marrom, sinal de que a mioglobina está sendo eliminada em excesso. “Em casos mais sérios, podem surgir falta de ar, náuseas, tontura, redução acentuada da produção de urina e até sangramentos”, ressalta ela. Já o tratamento depende da gravidade do quadro. “Em muitos casos, a reposição vigorosa de líquidos ajuda os rins a eliminar a mioglobina e evitar maiores danos. Quando a função renal já está comprometida, a diálise pode ser necessária”, explica a médica.
Para prevenir a condição, a nefrologista reforça a importância de respeitar os limites do corpo e manter boa hidratação. “Quem não tem rotina regular de exercícios deve ter cuidado redobrado durante festas prolongadas. Pausas para descanso e hidratação constante são essenciais. Para quem está iniciando atividades físicas, é fundamental começar aos poucos, permitindo que o corpo se adapte de forma segura”, recomenda e finaliza a nefrologista do Grupo Uninefron, Vivianne Pinheiro.