Lúpus e rins: o alerta silencioso que pode salvar vidas

Lúpus e rins: o alerta silencioso que pode salvar vidas

Lúpus e rins: o alerta silencioso que pode salvar vidas

Recife, 28 de novembro de 2025


Nem sempre os rins “gritam” quando estão em perigo. Muitas vezes, o problema se instala em silêncio, sem dor nem sintomas evidentes, até que a função renal começa a declinar. De acordo com o nefrologista do Grupo Uninefron, Mário Henriques, esse é justamente o caso de uma complicação grave, mas ainda pouco conhecida do público: a nefrite lúpica. “Essa é uma das manifestações mais sérias
do lúpus eritematoso sistêmico (LES)”, alerta o médico.

Mário Henriques explica que o lúpus é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico, por engano, ataca o próprio organismo, afetando órgãos como pele, articulações, coração e, com frequência preocupante, os rins. “Estima-se que o lúpusatinja cerca de 65 mil brasileiros e aproximadamente 5 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia e da Lupus Foundation of America. Desses pacientes, entre 40% e 60% desenvolverão algum grau de comprometimento renal ao longo da vida”, afirma o nefrologista.

“Quando o lúpus atinge o rim, estamos diante de um cenário em que a lesão pode evoluir silenciosamente, sem dor, até que o dano já esteja instaurado. A nefrite lúpica exige diagnóstico precoce e tratamento intenso, porque o tempo perdido é função renal a menos”, destaca Mário Henriques.

Estudos apontam que até 30% dos pacientes com nefrite lúpica podem evoluir para insuficiência renal crônica

O médico Mário Henriques informa que, na prática clínica, muitos pacientes chegam ao consultório apenas após alterações sutis em exames de urina, como a presença de proteína ou sangue ou com pressão arterial elevada sem causa aparente. “Estudos apontam que até 30% dos pacientes com nefrite lúpica podem evoluir para insuficiência renal crônica se o tratamento não for iniciado precocemente. A presença de inchaço nas pernas ou ao redor dos olhos, urina espumosa ou coloração alterada são indicadores que não se podem ignorar”, reforça ele.

O diagnóstico – continua Mário Henriques – é feito com base em exames laboratoriais e, quando necessário, biópsia renal, que confirma o grau da inflamação e orienta o tratamento. “Cada caso é único e a terapia a ser aplicada é escolhida de acordo com a extensão do dano. O tratamento pode incluir imunossupressores, corticosteroides e medicamentos que controlam a pressão e a inflamação. O uso de terapias modernas e o acompanhamento regular permitem que mais de 80% dos pacientes mantenham boa função renal após o tratamento inicial”, garante o nefrologista.

Além do tratamento medicamentoso, o estilo de vida tem papel essencial no controle da doença. “Orientamos o paciente a reduzir o sal, manter hidratação adequada, evitar medicamentos que prejudiquem os rins e comparecer às consultas de acompanhamento. É um trabalho conjunto, em que o compromisso do paciente faz toda a diferença”, ressalta Mário Henriques.

Com adesão e monitoramento regular, o prognóstico é favorável, muitos pacientes mantêm função renal estável por anos. Mas quando o diagnóstico se dá tardiamente ou a adesão falha, o risco de insuficiência renal crônica torna-se real. Atualmente, estima-se que 1 em cada 10 pacientes com lúpus possa evoluir para necessidade de diálise ou transplante renal.

Por fim, o médico deixa um recado importante: “Se você tem diagnóstico de lúpus, mesmo que se sinta bem, não espere sintomas dramáticos. Procure avaliação nefrológica periódica. A função renal não dá grandes sinais até estar muito comprometida — e é justamente por isso que a prevenção salva”, conclui o médico Mário Henriques, nefrologista do Grupo Uninefron.

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