Hipervitaminose: como o excesso de vitaminas pode afetar os rins
Recife, 19 de setembro de 2025
O consumo de vitaminas costuma ser associado ao cuidado com a saúde, mas quando feito de forma exagerada, pode trazer sérios riscos ao organismo. Nos últimos anos, observou-se um aumento no uso de suplementos dietéticos em âmbito global, com o objetivo de promover a saúde e tratar diversas doenças crônicas. “O acúmulo dessas substâncias, conhecido como hipervitaminose, ocorre quando os níveis ingeridos ultrapassam a capacidade do corpo de utilizar e eliminar o excesso. Quando isso acontece, também reflete diretamente na saúde renal”, alerta a médica Vivianne Pinheiro, nefrologista da Uninefron.
Segundo a especialista, o problema está no mito de que vitaminas nunca fazem mal. “Muita gente acredita que quanto mais vitamina, melhor. Os rins são mais vulneráveis a lesão tóxica por ter um fluxo sanguíneo alto. Em virtude desses fatores a população fica mais suscetível a nefrotoxicidade por hipervitaminose. Mas, na prática, o excesso pode ser tão prejudicial quanto a falta, principalmente quando falamos das vitaminas que não são eliminadas pela urina com facilidade”, explica Vivianne Pinheiro.
As vitaminas se dividem em dois grandes grupos: as hidrossolúveis (como vitamina C e as do complexo B), que geralmente são excretadas pela urina; e as lipossoluveis (A, D, E e K), que se acumulam no fígado e no tecido adiposo. “Estas últimas são as mais perigosas quando ingeridas sem orientação, porque tendem a se armazenar no corpo e causar intoxicação silenciosa”, reforça Vivianne Pinheiro.
Como o excesso de vitaminas pode afetar os rins
Vivianne Pinheiro esclarece que os rins são diretamente afetados pela hipervitaminose, já que desempenham papel central na filtragem do sangue. “Quando há consumo exagerado de vitamina C ou D, por exemplo, aumentam as chances de desenvolver pedras nos rins. Já o excesso de vitamina D e A pode elevar o cálcio no sangue e prejudicar a função renal”, adverte a médica.
De acordo com a nefrologista, em situações mais graves, a hipervitaminose pode causar nefrotoxicidade, ou seja, danos tóxicos às células renais. “Isso abre caminho para quadros de insuficiência renal, que, muitas vezes, são irreversíveis. O paciente pode evoluir com inchaço, pressão alta e até diminuição do volume de urina. Em alguns casos, o tratamento exige acompanhamento permanente e até diálise”, reforça Vivianne Pinheiro.
Sintomas variam de acordo com as vitaminas consumidas
A médica Vivianne Pinheiro explica que os sintomas variam de acordo com a vitamina envolvida, mas costumam incluir náuseas, vômitos, fadiga, alterações urinárias e muitos outros sinais e sintomas inespecíficos. “O perigo é que muitas pessoas ignoram esses sinais. Elas seguem tomando suplementos acreditando que estão reforçando a saúde, quando, na verdade, estão colocando os rins em risco”, alerta ela.
A orientação para prevenir a hipervitaminose é clara: evitar a automedicação. “Suplementos só devem ser usados com indicação profissional. Na maioria dos casos, uma dieta equilibrada é suficiente para manter níveis adequados de vitaminas”, afirma a nefrologista.
Por fim, a médica reforça que prevenir é sempre mais seguro do que tratar as consequências. “Quando o dano renal se instala, muitas vezes, não é possível reverter. Por isso, a mensagem é clara: cuidado com o excesso de vitaminas. Saúde se constrói com equilíbrio e não com exageros. Procure um médico para orientar.”, finaliza Vivianne Pinheiro, nefrologista da Uninefron.