
Distúrbios do sono e seus impactos em pacientes renais
Recife, 04 de abril de 2023
O sono, essencial para a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida de qualquer pessoa, desempenha um papel fundamental em diversas funções do organismo. Durante esse período, ocorrem processos essenciais para a regeneração celular, o fortalecimento do sistema imunológico, a consolidação da memória e a regulação hormonal. De acordo com a médica Ângela Santos, nefrologista da Uninefron, pacientes com doença renal crônica (DRC) frequentemente apresentam alterações no sono, impactando tanto a qualidade quanto a duração do descanso.
Ainda de acordo com Ângela Santos, nos pacientes renais, a falta de sono ou noites mal dormidas podem comprometer significativamente a qualidade de vida e agravar complicações da doença. “Essas alterações resultam de uma combinação de fatores metabólicos, hormonais, inflamatórios e psicológicos, que se tornam mais intensos conforme a função renal piora”, explica a nefrologista.
“Essas disfunções podem ser causadas por diversos fatores, entre eles o acúmulo de toxinas urêmicas, que afetam o sistema nervoso central e prejudicam o sono; alterações nos níveis de cálcio, fósforo, magnésio e sódio, comprometendo a função neuromuscular e a qualidade do descanso; inflamação crônica e estresse oxidativo, comuns na DRC; uso de medicamentos, como diuréticos, corticoides e anti-hipertensivos, que podem interferir no padrão do sono; hipertensão e problemas cardiovasculares, que afetam a circulação e contribuem para a apneia do sono e insônia; ansiedade e depressão, que podem agravar dificuldades para dormir; diálise noturna, que pode prejudicar o descanso devido ao desconforto do tratamento”, esclarece Ângela Santos.
A nefrologista ressalta a importância de um manejo adequado desses distúrbios para evitar o agravamento de outras condições. “Os impactos incluem maior risco cardiovascular, progressão acelerada da DRC, devido à inflamação e ao estresse oxidativo, redução da capacidade de concentração e memória, aumento da fadiga e piora da qualidade de vida”, alerta Ângela Santos.
Estratégias para melhorar a qualidade do sono
A médica Ângela Santos destaca que existem diversos distúrbios do sono, sendo a insônia o mais comum. “Outros distúrbios que merecem atenção são a síndrome das pernas inquietas (SPI), que causa uma sensação desconfortável nas pernas e a necessidade incontrolável de movê-las, principalmente à noite; a apneia obstrutiva do sono (AOS), caracterizada por pausas na respiração durante o sono, resultando em fragmentação do descanso e sonolência diurna; a sonolência diurna excessiva, que aumenta o risco de quedas e acidentes; e os distúrbios do ritmo circadiano, que levam a padrões irregulares de sono e episódios de insônia ou sonolência diurna”, esclarece ela, apontando várias estratégias para melhorar a qualidade do sono. São elas:
- Higiene do sono
- Manter um horário regular para dormir e acordar;
- Evitar cafeína, álcool e refeições pesadas no período noturno;
- Criar um ambiente adequado para dormir (quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável).
- Tratamento específico para cada distúrbio
- Insônia: Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e, em alguns casos, uso controlado de medicações hipnóticas;
- SPI: Suplementação de ferro (se necessário) e uso de agonistas dopaminérgicos;
- Apneia do sono: Uso de CPAP para manter as vias aéreas abertas;
- Distúrbios do ritmo circadiano: Terapia de luz e ajuste da rotina diária.
- Ajustes na medicação
- Evitar o uso de diuréticos e corticoides à noite para minimizar o impacto no sono;
- Ajustar a dose de eritropoetina e ferro para reduzir sintomas da SPI.
- Manejo da ansiedade e depressão
- Acompanhamento psicológico e, quando necessário, uso de antidepressivos;
- Práticas de relaxamento, como meditação e mindfulness.
Por fim, a nefrologista reforça que a privação do sono, além de comprometer a qualidade de vida, está associada a um maior risco de doenças e mortalidade. “Ainda assim, esse problema é frequentemente negligenciado e subdiagnosticado. Pacientes com dificuldades para dormir devem buscar orientação de um nefrologista para receber um tratamento adequado e personalizado”, conclui a médica Ângela Santos, da Uninefron.