Você já ouviu falar em rins policísticos? Doença genética pode levar à falência renal
Recife, 8 de agosto de 2024
No último mês de junho, o cantor sertanejo Chrystian, da dupla com Ralf, morreu após sofrer um choque séptico (infecção generalizada) em decorrência de pneumonia. O artista, que iria realizar um transplante de rins em outubro deste ano, tinha um diagnóstico de rins policísticos. Você já ouviu falar nesse problema? De acordo com a médica Ângela Santos, nefrologista da Uninefron, essa é uma condição genética rara, caracterizada pela formação de múltiplos cistos nos rins. “Esses cistos são bolsas cheias de líquido que podem aumentar de tamanho e quantidade ao longo do tempo, acarretando uma elevação do volume renal e comprometendo a função renal”, explica a especialista.
A doença pode se apresentar de duas formas: a mais comum e que geralmente se manifesta entre os 30 e 50 anos de vida, é a doença renal policística autossômica dominante (DRPAD). “Nesses casos, os principais sintomas são dor abdominal, hipertensão arterial, infecções urinárias frequentes, sangue na urina e, eventualmente, insuficiência renal”, relata Ângela Santos. Já a segunda forma é a chamada doença renal policística autossômica recessiva (DRPAR). “Menos comum e mais grave, esse tipo de rins policísticos surge normalmente na infância, apresentando sintomas como aumento do volume abdominal, devido aos rins aumentados; problemas respiratórios, devido à compressão pulmonar, hipertensão e insuficiência renal precoce”, ressalta a médica.
A nefrologista destaca ainda que a presença desses sintomas e o histórico da doença na família são um alerta para a necessidade de um acompanhamento médico. “O diagnóstico pode ser feito através de exames de ultrassom renal, tomografia computadorizada, ressonância magnética e até testes genéticos. Como em muitas outras patologias, o diagnóstico precoce é fundamental para a eficácia do tratamento e assim evitar o agravamento”, garante Ângela Santos.
DRP pode ser tratada com controle dos sintomas e prevenção de complicações
A médica Ângela Santos esclarece que, apesar de não ter cura, a doença renal policística (DRP) pode ser tratada com o controle dos sintomas e a prevenção de complicações. Nesse caso, devem-se incluir medicações para controle da pressão arterial, gestão da dor, tratamento de infecções urinárias, intervenções cirúrgicas para drenagem de cistos, diálise e, em quadros graves, transplante. O monitoramento dos pacientes deve ser regular, com consultas a nefrologista para acompanhamento da função renal e do tamanho dos cistos, orientação e adoção de um estilo de vida saudável.
“Para as pessoas com diagnóstico de rins policísticos, ou que têm casos na família, é importante seguir alguns hábitos que vão ajudar no controle da doença, como ingerir pouco sal em uma dieta rica em frutas, vegetais e grãos integrais; controlar o peso, de acordo com orientação médica; evitar fumar; limitar o consumo de álcool; fazer exercícios ou praticar alguma atividade física regularmente. Todas essas condutas são imprescindíveis para manter uma boa qualidade de vida e retardar a progressão da doença renal, que deve ser o foco principal”, finaliza a médica Ângela Santos, nefrologista da Uninefron,