
Médica da Uninefron explica relação entre doença renal crônica e Alzheimer
Recife, 13 de setembro de 2024
O dia 21 de setembro é marcado como o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Mundialmente, a demência afeta cerca de 50 milhões de pessoas, com quase 10 milhões de novos casos a cada ano. Tipo mais comum de demência, o Alzheimer acomete mais de um milhão de brasileiros. De acordo com a médica Ângela Santos, nefrologista da Uninefron, a presença da doença renal crônica (DRC) pode aumentar o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer ou acelerar a progressão do déficit cognitivo.
“A relação entre a doença renal crônica e a doença de Alzheimer é fundamentada em várias vias fisiológicas e patológicas que ligam a função renal à saúde cerebral. Em indivíduos predispostos, isso pode ocorrer devido a uma combinação de diversos fatores”, explica Ângela Santos, destacando os principais deles:
1 – Acúmulo de toxinas e produtos de metabolismo: Os rins são responsáveis pela filtração de toxinas e resíduos do metabolismo do sangue. A diminuição da taxa de filtração tem sido associada à neurodegeneração devido ao efeito neurotóxico das toxinas urêmicas levando ao acúmulo dessas substâncias no organismo. Incluindo compostos neurotóxicos, que podem atravessar a barreira hematoencefálica, contribuindo para a degeneração dos neurônios. Inclusive biomarcadores presentes na DRC se correlacionam com o aumento sérico da proteína beta amiloide, presente na demência por Alzheimer. Por isso os pacientes com DRC na evolução da doença vão cursar com altos níveis de ureia e creatinina, e essas taxas podem exercer efeitos tóxicos diretos sobre as células cerebrais, acelerando o declínio cognitivo.
2 – Inflamação sistêmica: A DRC é caracterizada por um estado inflamatório crônico de baixo grau, que pode comprometer o cérebro e promover processos neuroinflamatórios.
3 – Desequilíbrios hormonais: Existe também um fator hormonal, pois a DRC altera o metabolismo de vários hormônios, como a eritropoetina humana e a vitamina D, ambos essenciais para a saúde cerebral. A deficiência de vitamina D, comum em pacientes renais, tem sido associada a um maior risco de declínio cognitivo e à doença de Alzheimer.
4 – Distúrbios minerais: Alterações no metabolismo do cálcio e fósforo, frequentes na DRC, podem ter impactos neurológicos e estão associadas a mudanças cognitivas.
Considerando todos esses fatores, Ângela Santos destaca a importância de um acompanhamento contínuo do paciente com doença renal, com atenção para todas as partes do organismo, que podem sofrer outros prejuízos decorrentes da insuficiência renal, como é o caso da doença de Alzheimer. A médica acrescenta que a idade e o grau de comprometimento renal dos pacientes estão intimamente ligados ao desfecho da doença. “Isso significa que pessoas mais velhas e com um maior grau de comprometimento da função renal devem estar mais vigilantes”, alerta ela.
Adoção de um estilo de vida saudável ajuda a prevenir doenças
De acordo com Ângela Santos, para prevenir tanto a doença renal crônica quanto a doença de Alzheimer, a principal recomendação é a adoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, prática de atividade física regular, atividades que estimulem a mente, cuidado com a saúde mental, manutenção dos níveis de colesterol, glicemia e pressão arterial controlados, entre outros.
“Alguns dos sintomas iniciais da doença de Alzheimer são quase imperceptíveis, como dificuldade para completar tarefas que antes eram simples, mudanças no humor ou na personalidade, tendência ao isolamento, problemas na comunicação e perda gradual de memória. Percebendo algo de anormal, é fundamental procurar orientação médica imediatamente”, finaliza a médica Ângela Santos, nefrologista da Uninefron.