
Impacto das infecções virais, como HIV e hepatites, na função renal
Recife, 25 de outubro de 2024
O impacto das infecções virais, como o HIV e as hepatites, na função renal é um tema relevante em nefrologia, pois essas doenças podem causar diferentes formas de lesão renal, tanto direta pelo vírus quanto indiretamente. De acordo com o médico Flávio Galindo, nefrologista da Uninefron, estudos indicam que 17% das pessoas que vivem com HIV podem apresentar doença renal crônica. “Essa incidência pode estar relacionada a um longo período de exposição ao tratamento com certos antirretrovirais, infecção avançada, elevada carga viral, doenças vasculares, distúrbios metabólicos, entre outros fatores”, alerta ele.
Flávio Galindo também explica que as lesões renais decorrentes dessas infecções podem ocorrer devido a inflamação crônica, disfunção imunológica e uso de medicamentos nefrotóxicos. “Quanto ao HIV, existem manifestações renais em pacientes com o vírus. Nos casos de nefropatia associada ao HIV (HIVAN), o HIV pode infectar diretamente as células renais, causando lesões. Além disso, a resposta imune ao HIV pode gerar inflamação nos rins”, explica.
O tenofovir, um dos antirretrovirais amplamente utilizados, é conhecido por sua nefrotoxicidade, especialmente em pacientes com fatores de risco preexistentes. Esse medicamento pode causar lesão tubular proximal e disfunção mitocondrial, resultando em síndrome de Fanconi e insuficiência renal. “Apesar das possíveis consequências negativas dos antirretrovirais para os rins em pacientes a longo prazo, a melhor conduta é manter e nunca interromper o tratamento. Os antirretrovirais atuais causam menos efeitos colaterais do que os mais antigos”, ressalta Galindo.
Hepatite B e hepatite C têm um impacto significativo na função renal
As hepatites virais, em especial a hepatite B (HBV) e a hepatite C (HCV), têm impacto significativo na função renal. “Principalmente associadas a complicações renais expressivas, como glomerulonefrite, vasculite e danos glomerulares em decorrência da crioglobulinemia (doença nos vasos sanguíneos) e doença renal crônica. Essas patologias podem ser controladas com antivirais e, nos casos de lesão renal, pode haver necessidade de diálise”, completa Flávio Galindo.
O médico da Uninefron acrescenta que pacientes coinfectados com HIV e hepatites (especialmente HCV) têm maior risco de disfunção renal e uma progressão mais rápida da doença renal. A interação entre essas infecções virais agrava os danos nos rins, e a gestão simultânea de ambas as infecções é desafiadora, devido às interações medicamentosas e à toxicidade renal. “Para prevenir e/ou minimizar esses efeitos e complicações, é essencial realizar uma triagem regular da função renal, controlar a replicação viral e garantir um acompanhamento multidisciplinar, com nefrologistas e especialistas em doenças infecciosas”, finaliza Flávio Galindo, nefrologista da Uninefron.