Gestação é momento de alerta duplo quanto à saúde renal: da mãe e do bebê

Gestação é momento de alerta duplo quanto à saúde renal: da mãe e do bebê

Gestação é momento de alerta duplo quanto à saúde renal: da mãe e do bebê

Recife, 1º de abril de 2022

Gravidez e problemas renais são temas importantes para serem debatidos. E neste contexto sempre há muitas perguntas e dúvidas: é possível uma mulher com insuficiência renal crônica (IRC) engravidar? O quanto a doença afeta o bebê? Quais são os tratamentos? Para esclarecer algumas dessas questões, o Blog ouviu o nefrologista Mário Henriques, diretor da Uninefron.

Sobre a primeira questão, a resposta se aproxima de um não, porém não é impossível. “As mulheres com insuficiência renal crônica são frequentemente inférteis, assim como os homens. E quando elas concebem, é baixa a probabilidade de boa evolução da gravidez, com alto índice de morbidade materna. São razões cruciais para desencorajar a gravidez nesses casos”, explica o médico. Estudos apontam que a gravidez ocorre em cada 18 pacientes em 1000 mulheres portadoras de IRC por ano, em idade reprodutiva, principalmente entre 20 a 24 anos de idade em diálise.

Em relação ao bebê, existem sim riscos, como nos nascimentos com baixo peso e antes do tempo previso. No entanto, em casos menos graves, o prognóstico é bom. “O mais comum, nesses casos, é a gestação em mulheres com função renal com discreto comprometimento funcional e sem hipertensão arterial. Assim, as chances são melhores, inclusive de não afetar o curso natural da doença”, afirma Mário Henriques, acrescentando que “na gestante com insuficiência renal grave e hipertensão arterial não controlada, além das possibilidades reduzidas de nascimento, há também mais possibilidade de agravamento da doença renal, além do risco de pré-eclâmpsia”, ressalta o nefrologista.

Ainda de acordo com o Mário Henriques, outro alerta importante são os cálculos renais, com potencial razoável de complicação, tanto para a mãe quanto para o bebê. “O segundo e terceiro trimestres da gestação são o período mais comum e propício para o surgimento de cálculos renais, que podem contribuir para o surgimento de complicações, incluindo parto precoce, pré-eclâmpsia, hipertensão e até abortamento”, garante o especialista.

Os cálculos estão entre as causas mais comuns de internação das pacientes durante a gestação e estima-se que uma em cada 1,5 mil grávidas apresenta complicações renais que podem ser oriundas de pedras nos rins. Vale ressaltar que a identificação dos cálculos é um procedimento delicado, pela preocupação da exposição da gestante à radiação do exame de imagem. “Para prevenir as pedras nos rins, é necessário estar sempre hidratado, evitar o consumo excessivo de sal e proteínas animais, cortar refrigerantes e ultraprocessados, estar atento às medicações ingeridas durante a gestação e ter acompanhamento multidisciplinar”, conclui Mário Henriques, da Uninefron.

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