No Dia Mundial do Rim, nefrologista alerta que doença renal é responsável pela morte de 2,4 milhões de pessoas por ano
Com o tema “Vivendo bem com a doença renal”, data é celebrada na próxima quinta-feira, 11 de março; nefrologista explica como prevenir e tratar a doença, que afeta mais de 10 milhões de brasileiros
O Ministério da Saúde do Brasil afirma que, em 2020, mais de 10 milhões de brasileiros possuíam a Doença Renal Crônica (DRC), patologia responsável pela morte de 2,4 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Para dar visibilidade aos perigos da doença, o Dia Mundial do Rim, celebrado na próxima quinta-feira (11), traz em 2021 o tema “Vivendo bem com a doença renal”. O objetivo da campanha é conscientizar a população sobre a inclusão de pacientes com DRC na vida cotidiana.
A Doença Renal Crônica se caracteriza por lesão nos rins que se mantém por três meses ou mais, podendo prejudicar diferentes funções renais, como a de regular a pressão arterial, filtrar o sangue e eliminar toxinas do corpo, controlar a quantidade de sal e água no organismo e a de produzir hormônios importantes para o organismo. A presença de histórico familiar de doença renal pode ser um alerta para consulta com um nefrologista.
Segundo o médico Mário Henriques, nefrologista da clínica Uninefron, que tem sede no Recife, todo paciente que apresente alteração morfológica renal ou redução da função renal por três meses é considerado como portador da DRC. “Dois exames laboratoriais simples, creatinina e sumário de urina, podem fornecer dados que podem ajudar no diagnóstico e servir para acompanhar a doença renal crônica”, explica o nefrologista.
Nos estágios iniciais, a DRC é silenciosa, ou seja, não apresenta sintomas ou revela apenas poucos e inespecíficos sinais. Por isso, é necessário um diagnóstico precoce para evitar a descoberta da doença tardiamente, quando os rins já estiverem bastante comprometidos. Segundo Mário Henriques, o tratamento é dividido em duas abordagens: Conservador, em que o paciente é orientado a manter uma dieta adequada, praticar exercícios físicos e evitar consumo de tabaco e drogas nefrotóxicas, ou a Terapia de Substituição Renal, que pode ser hemodiálise ou diálise peritoneal.
“Levando em consideração que hoje temos no Brasil cerca de 140 mil pacientes em terapia de substituição renal, o diagnóstico precoce poderá evitar ou retardar o início de hemodiálise”, comenta Mário Henriques.
A escolha do tratamento deverá ser feita de acordo com o quadro clínico específico de cada paciente e como o procedimento vai afetar a sua vida. “É preciso ofertar todas as terapias de substituição renal, apoiado na consideração da melhor indicação clínica associada à qualidade de vida, dando amparo neste novo ciclo. Considerar também as crenças, dignidade e desejos do paciente quanto aos procedimentos que serão ofertados”.
Além de manter a atenção em a indicadores clínicos e laboratoriais, Mário Henriques indica que pacientes, familiares e acompanhantes estejam atentos a sintomas que possam estar causando sofrimento físico, mental ou espiritual. “Os pacientes com doença renal devem sentir-se apoiados, junto aos seus familiares e acompanhantes, especialmente durante o período de pandemia. Controlar os sintomas e realizar uma assistência adequada pode promover uma boa experiência e vivência com a Doença Renal Crônica”.
Dia Mundial do Rim
O Dia Mundial do Rim foi criado em 2006 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de conscientizar a população mundial sobre a importância do rim na saúde e reduzir a ocorrência de problemas ligados a doenças renais. A data é celebrada anualmente, na segunda quinta-feira do mês de março, e tem o engajamento de diversos profissionais de saúde e da sociedade civil.
A campanha deste ano, direcionada para a Doença Renal Crônica, tem o objetivo de orientar pacientes e familiares sobre como essas pessoas podem conviver com a patologia de forma positiva durante o cotidiano. A ação busca a inclusão de pacientes com DRC nas rotinas do dia a dia, para que se sintam bem, mesmo convivendo com a doença e seus tratamentos.
Doença Renal e Covid-19
Pacientes com a Doença Renal Crônica estão inseridos no grupo de risco de contaminação do coronavírus. Esses indivíduos apresentam maior chance de desenvolver infecções mais graves se acometidos pela Covid-19 e devem seguir à risca as medidas de higiene e de distanciamento social indicadas pelas organizações de saúde.
No entanto, algumas medidas simples podem ajudar na prevenção: os pacientes que não estiverem em diálise podem solicitar prescrição de um número extra de medicações, para evitar muitos deslocamentos para a farmácia; devem ficar atentos a sintomas como febre, tosse e “respiração curta”; e devem procurar o serviço de saúde com rapidez caso apresentem sinais de emergência, como dores, dificuldade para respirar, dor ou pressão no tórax.
“É recomendado que as sessões de diálise sejam mantidas normalmente, desde que sejam tomadas todas as prevenções de higiene neste cenário, desde o deslocamento para a clínica, a realização do tratamento até na volta para casa. Esses pacientes devem ser recebidos em local isolado dos demais, e o uso de máscaras é imprescindível”, ressalta. Mário Henriques.