Mito ou Verdade? – Doença Renal Crônica
De acordo com a Associação Brasileira de transplantes de órgãos, somente no primeiro semestre de 2018 foram realizados 2.858 transplantes de rins no país. Este número poderia ser menor se a doença renal crônica (DRC) fosse diagnosticada em seu estágio inicial. Um diagnóstico precoce é de fundamental importância para a efetividade do tratamento. No entanto, trata-se de doença insidiosa, onde os sintomas só aparecem em fase avançada, retardando a sua identificação e início de terapia adequada. As doenças renais são pouco conhecidas pela população, assim como sua importância para o equilíbrio do funcionamento dos demais órgãos do corpo humano.
Segundo Mário Henriques, nefrologista e diretor da UNINEFRON a DRC é considerada uma questão de saúde pública no mundo inteiro. No Brasil temos atualmente cerca de 110.000 pacientes em programa de hemodiálise, e estima-se existir 2.750.000 portadores de doença renal, com percentual elevado sem diagnóstico e acompanhamento adequado. O diagnóstico tardio acompanha-se de um prognóstico desfavorável para função renal elevando o custo dos tratamentos, que envolvem a hemodiálise e o transplante.
Por seu caráter assintomático e pela falta de conhecimento a respeito de sua gravidade, a doença renal crônica gera muitas dúvidas, além de crenças e soluções caseiras, frutos da sabedoria e do imaginário popular, em algumas ocasiões colaborando com a terapêutica, em outras, podendo trazer danos renais. Por isso, antes da utilização de qualquer terapia orientada por terceiros, entre em contato com o seu médico de confiança.
Para ajudar na desmistificação, acompanhe abaixo uma lista do que é mito ou verdade em relação à saúde renal. Em caso de dúvida, o ideal é procurar um nefrologista.
Alterações na cor da urina podem indicar problemas nos rins – VERDADE
Diversos fatores podem interferir na coloração da urina. Dentre eles, o consumo de alguns alimentos, corantes utilizados em medicamentos e quantidade de água ingerida. No entanto, alterações mais expressivas e persistentes podem ser indicativos de problemas renais.
O consumo de leite aumenta o risco de cálculo renal – MITO
Uma vez que os cálculos renais são compostos, basicamente, por cálcio, muitos associam a formação dos cálculos à ingestão do leite e seus derivados. Entretanto, é comprovado que um indivíduo com uma dieta pobre em cálcio tem o dobro de chances de ter “pedras” nos rins.
Chá de quebra-pedra ajuda a eliminar o cálculo renal – VERDADE
O chá de quebra-pedra pode auxiliar no combate aos cálculos renais, visto que contribuem para o relaxamento da musculatura ureteral, facilitando a eliminação de pedras, assim como diminuindo os fragmentos residuais após a litotripsia.
Quanto maior a ingesta de água, melhor – MITO
O recomendado para pessoas saudáveis, é que sejam ingeridos, em média, 35 ml de água por quilo ao dia. Isso seria o suficiente para manter o corpo hidratado de maneira adequada. No entanto, uma pessoa cuja função renal está comprometida, deve ser orientada por um nefrologista quanto ao volume correto de ingesta diária de líquido. Esse cuidado evita o aumento na pressão arterial e formação de edemas, dentre outros problemas.
A carambola afeta a saúde renal – VERDADE
Como a maior parte das frutas, a carambola contém inúmeros nutrientes e vitaminas. Contudo, a fruta possui um elemento perigoso, principalmente para pacientes renais: a caramboxina, enzima que tem sua filtração reduzida na disfunção renal. O excesso desta toxina pode alcançar o cérebro, causando vômitos, confusão mental, agitação psicomotora e convulsões, gerando, inclusive, risco de óbito. Para tentar reverter o quadro, é necessária hemodiálise de emergência.
Quem já teve cálculo renal, certamente terá de novo – MITO
Apenas 60% das pessoas que já tiveram pedras nos rins terão novamente. Apesar do número expressivo de reincidências, a prevenção de maneira geral é possível através da redução no consumo de proteína e de sal e do aumento da ingestão de líquido.
Hipertensão arterial e diabetes causam doença renal – VERDADE
A hipertensão e o diabetes são os principais causadores da insuficiência renal crônica, uma vez não tratados, causam lesões nos pequenos vasos sanguíneos de todo o organismo, inclusive dos rins.
Todas as doenças dos rins são incuráveis – MITO
A prevenção, o diagnóstico e o tratamento precoces das doenças renais podem conter o avanço das mesmas, além de oferecer chances de recuperação mesmo em caso de insuficiência aguda – através de diálise e/ou medicamentos. No entanto, caso a doença renal se torne crônica, é progressiva e irreversível. Desta forma, o paciente poderá precisar de suporte dialítico pelo resto da vida, a menos que faça um transplante.