
Complicações da dengue podem causar insuficiência renal aguda
A epidemia de dengue já atingiu 1.4 milhão de pessoas no Brasil em 2019, contabilizando 591 mortes até o mês de agosto, segundo o Ministério da Saúde. O que muita gente não sabe é que a doença também pode desenvolver complicações que acometem o funcionamento renal, podendo a vítima desenvolver, inclusive, a Insuficiência Renal Crônica. De acordo com a nefrologista da Uninefron, Ângela Santos, os problemas renais causados pela dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti pode, inclusive, levar o paciente a óbito.
“A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma complicação que pode ocorrer nos quadros mais graves da doença, como a dengue hemorrágica e a síndrome de choque associada à dengue. O surgimento da condição está associado a hipotensão, sepse, disfunção de múltiplos órgãos e uso de medicamentos durante o acometimento da dengue. Nesses casos, o paciente pode precisar de terapia renal substitutiva (diálise)”, explica a especialista.
Ela comenta que a incidência de lesão renal ocasionada pela dengue varia, sendo mais frequente em adultos, enquanto em crianças o índice chega a 1%. “A maioria dos casos está ligada à destruição dos glóbulos vermelhos ou rabdomiólise, que é a ruptura muscular que provoca lesões nos rins, mas também pode haver lesão renal direta pelo vírus”, ressalta.
Segundo a médica, outras patologias renais também podem ser desenvolvidas, como a proteinúria, a glomerulonefrite e a síndrome hemolítica urêmica. Caso um paciente renal transplantado venha a contrair a dengue, pode significar uma complicação potencialmente fatal. “É importante ficar atento aos primeiros sinais de surgimento de sintomas da dengue, que são febre alta acima de 38.5°C, dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, dores de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo”, ressalta Ângela Santos.
O tratamento da dengue é sintomático, com a administração de analgésicos e antitérmicos, além da ingestão de líquidos, sempre com prescrição médica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 40% da população mundial vive em áreas onde há transmissão de dengue, com cerca de 390 milhões de pessoas infectadas por ano.
Uma vacina está na terceira e última fase de desenvolvimento pelo Ministério da Saúde e deve ser disponibilizada no SUS em breve. Atualmente, a maneira mais eficaz de se proteger da doença é prevenindo a procriação do mosquito vetor, evitando o acúmulo de água parada em reservatórios como caixas d’água, vasos de planta, garrafas e em terrenos baldios.